Meu espelho na cidade Minha relação com a cidade reflete minha maneira de me ver no mundo. Eu olhava para o alto e, a partir do céu, apontava a minha lente, um telescópio ou microscópio, para qualquer pista camuflada em metáfora. Encontrei portas fechadas, fronteiras entre o presente (o instante) e as memórias sendo apagadas. E comecei a ver a cidade através de um reflexo. A cidade me via através dos meus reflexos. Começaram os encontros. A presença humana começou a surgir. Ainda tímido, de costas, sem rosto, sem nome. Foi se soltando, brincando, posando, trocando olhares comigo, contando historias. Que se tornariam minhas historias. Às vezes só procuro a sua passagem. Coleciono esses flagrantes fragmentos como vestígios de minha existência de ontem, de hoje e talvez para sempre.